contatobelmate @gmail.com

imagem blog

Tereré e chimarrão carregam história, cultura e tradições

Uma é quente e típica dos gaúchos. A outra, gelada, refrescante, é costume dos paraguaios. Em comum: a tradição, a música e, claro: a erva-mate.

No Brasil, quase toda a produção de erva-mate se concentra no sul do país. O chimarrão, como já se sabe, é uma bebida típica dos gaúchos. Já o hábito de se tomar o tereré, que é uma espécie de chimarrão frio, é muito forte no Paraguai. É um hábito muito grande em Assunção, capital do país. Existem locais onde é possível alugar tanto a jarra de água, quanto a cuia e a bomba, junto com a erva. O conjunto custa cerca de cinco mil guaranis, a moeda local – equivalente a cerca de R$ 2,50. A vantagem é que a cadeira está incluída preço.

Para muitos paraguaios, o tereré é considerado tão importante quanto as danças folclóricas do país. Assim é também com os gaúchos, que preservam a dança da mesma forma que cultuam o chimarrão. A diferença entre o chimarrão e o tereré vai além da temperatura da água e da espessura da erva. Tem muita história e tradição por trás dessas duas bebidas.

O paraguaio Ricardo Zelada e o gaúcho João Mello ajudam a desvendar um pouco mais desse universo. Como cada bebida é feita em um tipo de recipiente específico, eles explicam as diferenças. Ricardo Zelada fala sobre o recipiente tradicional do tereré: “Nós temos a guampa [nome do local onde vai a bebida], que tem o formato de chifre de boi, cortado, e é revestido com couro”. João Mello apresenta o recipiente do chimarrão: “É o porongo, curtido. Ou alguns chamam de cabaça”.

Há diferença também na bomba, que serve de canudo para ambas as bebidas. O paraguaio Ricardo explica:  “A nossa bomba, bombilha, é feita de metal alpaca, justamente para evitar ferrugem. Tem os furinhos que filtra a erva, para não deixar passar as folhas e funciona como um filtro”. Já o material da bomba do chimarrão é de prata.

Para o preparo das bebidas, tanto os paraguaios quanto os gaúchos, têm seus segredinhos. Ricardo Zelada explica o passo-a-passo para fazer o tereré: “Nós colocamos a erva na guampa. Acomodamos a bomba, de lado. [Coloca a água] É uma água gelada, com gelo. Sempre tem que ter gelo. A água precisa ser bem gelada, para dar aquele sabor gostoso”.

Para o chimarrão, o preparo requer um pouco mais de habilidade, como conta João Mello: “A gente pega a erva, coloca até o que nós chamamos de cintura da cuia [parte do recipiente onde a circunferência se afina]. Aí é o momento que a gente faz o assentamento da erva. A bomba, a gente coloca um pouquinho, só para assentar um pouquinho a erva que fica solta, para não entupir no primeiro mate. Aí, a gente coloca a água, numa temperatura aproximada 70 graus. É um ritual. E logo após a colocação da água, você pega a bomba – aqui um segredo muito importante: você tem que colocar o dedo, tapando [a abertura da bomba]. Para não entrar ar dentro da bomba. Então você coloca [a bomba], a água sobe e já está pronto para tomar o chimarrão”.

“Saboroso. É uma erva mais adocicada do que a erva do tereré”, diz o paraguaio Ricardo, ao provar o chimarrão. E o gaúcho João Mello também aprova o tereré: “Mas está bueno, barbaridade! Gelado e ótimo”.

Tanto o chimarrão quanto o tereré têm o dom de reunir pessoas. Por isso, é comum ver a galera curtindo essas bebidas em rodas de amigos e familiares.